
A vida de Jeanne Bécu, que nasceu como filha ilegítima de uma costureira empobrecida em 1743 e subiu na corte de Luís XV para se tornar sua última amante oficial.
Opinião Pública sobre Jeanne du Barry
Por mais bonita que seja, Maïwenn não tem os traços da verdadeira Jeanne du Barry. Quando a cortesã chegou à corte de Luís XV em 1768, ela também não era tão velha… No filme, é menos Du Barry que chega a Versalhes do que Maïwenn, uma personalidade apaixonada, inteira e rebelde. A atriz-diretora entrou na pele do famoso favorito com uma autoridade e uma desenvoltura impressionante. Dezessete anos que o cineasta, em conluio com o personagem, carregou esse projeto que se tornou quase obsessivo. Identificou-se com “esta menina do nada, pronta para tudo”, com esta cortesã audaciosa e livre a quem confidenciou ter um verdadeiro culto. Em seu filme, Maïwenn refaz o destino edificante de Jeanne du Barry à maneira de um conto de fadas, misturando classicismo e modernidade, entre Barry Lyndon e a recente sérieVersalhes (uma cena deslizante no Salão dos Espelhos é até filmada de forma idêntica). Longe de ser uma intrigante, a personagem se revela aqui como uma mulher amorosa, maternal e generosa. Educada, protectora das artes, esta rapariga “vindo da ribeira” vai soprar um vento de espontaneidade e excentricidade sobre Versalhes, e fazê-lo brilhar mais do que nunca. Incompreendida pela corte, que lhe emprestou intenções que não tinha, e considerada irremediavelmente ilegítima, acabou pagando caro por seus desejos de ascensão social. As filhas do rei, como irmãs de Cinderela (a truculenta India Hair e Suzanne de Baecque), a odeiam francamente e pressionam a delfina Marie-Antoinette (Pauline Pollmann) a multiplicar as afrontas contra ela.“Há muita gente hoje em Versalhes. “ , a pequena frase histórica proferida por este último, gera uma saborosa sequência. Felizmente, Jeanne tem protetores. Muito bem, Johnny Depp é um Luís XV mudo com olhares eloquentes, e sua história de amor com Jeanne é comovente. O sempre excelente Benjamin Lavernhe, primeiro criado, tem um coração terno e palavras sutis. As imagens são magníficas, Versalhes é suntuoso. Estávamos esperando um desabafo feminista, é um melodrama quase sábio, modesto e cativante.
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